domingo, 6 de janeiro de 2019

MEMORABILIA – ESCRITORES VALEPARAIBANOS –XL


BENEDITO DEMÉTRIO ROCHA nasceu em São José dos Campos a 6 de janeiro de 1927. Diplomou-se em primeiras letras no Grupo Escolar "Olímpio Cotão", em 1939, e formou-se em contabilidade, em 1946, pela Escola Técnica de Comércio "Olavo Bilac", em sua terra. Apaixonado da arte, estuda músico, dedicando-se ao violino, entrega-se às letras, estudando a nossa literatura e instruindo o seu espirito para dar expansão aos seus ideais. Colabora em jornais da região e, ao lado de Hélio Teixeira Ferreiro, trabalha em prol da cultura em sua cidade natal. Moço, ele apresenta nos seus escritos a influência dos modernos, dos modernistas, dos novíssimos, tão do gosto de Sérgio Milliet. Mas a encantadora forma do soneto, a cujo tentação não escaparam os mais acirrados modernistas, encontra em B. Demétrio Rocha, como assina os seus trabalhos o nosso poeta, um sincero adepto. Eis duas composições de nosso vate:


              VOO

O perfume na praia
vinha de entre sedas e veludo.
(Era uma rosa encarnada).

Gaivotas de asas negras,
entanguidas.
(O sol não vinha).
Havia apenas o barulho do mar
e a tristeza do nevoeiro.

As asas negras roçaram o veludo.
Enxutas e perfumadas,
cortaram o céu claro,
cheio de luz e calor.

Depois a gaivota caiu.
Asas entanguidas,
manchadas de vermelho
cobertas de espinhos.


            ÁRVORE SECA

Árvore seca que no campo erguida
te açoita o vento em dias de procela.
O que restou de tua bela vida?
O que restou de tua forma bela?

Nada. A última folha já caída
mudou todo o cenário da aquarela.
Levou consigo a confissão ouvida,
os beijos que trocaram ele e ela .

à tua sombra, árvore seca e fria,
juras de amor casaram-se com o vento,
em tarde deliciosa, em belo dia.

E hoje, quando eles passam ao teu lado,
cheios de vida, de esperança e alento,
nem reparam no estado em que hás ficado!

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