MEMORABILIA – ESCRITORES
VALEPARAIBANOS –XL
BENEDITO DEMÉTRIO ROCHA nasceu
em São José dos Campos a 6 de janeiro de 1927. Diplomou-se em primeiras letras
no Grupo Escolar "Olímpio Cotão", em 1939, e formou-se em
contabilidade, em 1946, pela Escola Técnica de Comércio "Olavo
Bilac", em sua terra. Apaixonado da arte, estuda músico, dedicando-se ao
violino, entrega-se às letras, estudando a nossa literatura e instruindo o seu
espirito para dar expansão aos seus ideais. Colabora em jornais da região e, ao
lado de Hélio Teixeira Ferreiro, trabalha em prol da cultura em sua cidade
natal. Moço, ele apresenta nos seus escritos a influência dos modernos, dos
modernistas, dos novíssimos, tão do gosto de Sérgio Milliet. Mas a encantadora
forma do soneto, a cujo tentação não escaparam os mais acirrados modernistas,
encontra em B. Demétrio Rocha, como assina os seus trabalhos o nosso poeta, um
sincero adepto. Eis duas composições de nosso vate:
VOO
O perfume na praia
vinha de entre sedas e
veludo.
(Era uma rosa encarnada).
Gaivotas de asas negras,
entanguidas.
(O sol não vinha).
Havia apenas o barulho
do mar
e a tristeza do
nevoeiro.
As asas negras roçaram o
veludo.
Enxutas e perfumadas,
cortaram o céu claro,
cheio de luz e calor.
Depois a gaivota caiu.
Asas entanguidas,
manchadas de vermelho
cobertas de espinhos.
ÁRVORE SECA
Árvore seca que no campo
erguida
te açoita o vento em
dias de procela.
O que restou de tua bela
vida?
O que restou de tua
forma bela?
Nada. A última folha já
caída
mudou todo o cenário da
aquarela.
Levou consigo a
confissão ouvida,
os beijos que trocaram
ele e ela .
à tua sombra, árvore
seca e fria,
juras de amor casaram-se
com o vento,
em tarde deliciosa, em
belo dia.
E hoje, quando eles
passam ao teu lado,
cheios de vida, de
esperança e alento,
nem reparam no estado em
que hás ficado!
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