terça-feira, 1 de outubro de 2019

JOSÉ GERALDO NOGUEIRA MOUTINHO

José Geraldo Nogueira Moutinho, nasceu em Pindamonhangaba, no dia 7 de setembro de 1933 e faleceu em São Paulo no dia 6 de maio de 1991 aos 57 anos e registramos 86 anos do seu nascimento. Era filho dos portugueses Antônio Alves Mourinho e de Dona Maria da Glória Moutinho, ambos naturais da Vila Real de Traz-os-Montes. Era casado com a socióloga, Jessita Maria Nogueira Moutinho e não tinha filhos. Cursou o antigo Ginásio Estadual de Pindamonhangaba, na década de 40. Cursou a Faculdade de Direito, mas no 40 ano desistiu, como desistiu também do curso universitário de letras clássicas. Desde 1961 foi crítico literário da ' 'Folha de São Paulo" e nela atuou até 1986. Na {área de crítica sua atenção se voltou para a literatura brasileira. Em 1967, publicou uma coletânea de ensaios, "A Procura do Número" (Conselho Estadual de Cultura), que discutia as obras de Jorge de Lima, João Cabral de Melo Neto, Cecilia Meireles e Manuel Bandeira, entre outros. Uma nova compilação, "A Fonte e a Forma" (Imago Editora - RJ), reunindo 50 ensaios dedicados à produção literária brasileira entre 1963 e 1971, foi lançada em 1977. Nogueira Moutinho também é autor de um livro de "Exercitia " (Livraria Duas Cidades - SP), de 1970. No mesmo ano recebeu do governo francês a comenda de "Chevallier des Arts et Lettres" pelos serviços prestados à cultura francesa. José Geraldo Nogueira Moutinho foi um dos mais jovens membros eleitos para a Academia Paulista de Letras, em 1978, quando estava com 44 anos, ocupando a Cadeira de n.º 13. Sua eleição ocorreu aos 15 de setembro de 1977 e sua posse, aos 10 de maio de 1978. Também integrava a diretoria do Museu de Arte Sacra Foi secretário-geral do Conselho Estadual de Cultura e secretário-executivo do CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) do Estado de São Paulo. Nogueira Moutinho, participou de congressos e encontros literários no País e no exterior. Foi Primeiro vice-presidente do Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo.
Na Academia Paulista de Letras, sua Cadeira, de n.º 13, tinha como patrono Alexandre Gusmão, nascido em Santos, aos 31 de dezembro de 1695. Seu discurso de posse encontra-se inserido na Revista da citada Academia, de novembro de 1978 - n.0 95, páginas de 9 a 20. Na mesma revista, às páginas de 21 a 30, encontra-se a saudação feita ao acadêmico por Péricles Eugênio da Silva Ramos (Lorena comemora este ano o seu centenário de nascimento). A respeito, citaremos a seguir um trecho dessa saudação, quando o acadêmico, referindo-se ao livro de poemas "Exercitia" de Nogueira Moutinho, assim se expressa:
"Erudito que sois, vosso livro está cheio de alusões e citações incorporadas ou não no texto. De Apuleio extrais uma definição do homem serenamente equilibrado; mas apesar de tudo compatível com os elogios de Sófocles, na Antígone, e de Shakespeare no Hamlet. Aludis a Prudêncio no título de um poema., "Poscunt litantur', a Homero quando vos referis ao olhar da Andrômaca de Heitor, a Virgílio nas Sicelides musae, no rio Clitunmo e noutras passagens, ou indiretamente, via Dante, quando pareceis dizer que
aspirais a conhecer, como o florentino, toda a Eneida. Vosso vocabulário, já o disse, entressacha-se de termos difíceis, técnicos, arcaicos, latinos: mas chegais a transpor para o português um 'plotar oriundo do inglês 'plot', apocopais em 'núncupo', introduzis do francês alatinado uma 'inuisibília', buscais um 'navos' no latim que surge diretamente no texto várias vezes. Num poema, 'Fabela', cheio de impossibilidades, uma das quais, pelo menos objeto de crença enxertais alguns oximoros que iluminam essas contradições do espírito. E assim falais em luminosae tenebrae, folie sensée, sóbria ebrietas, docta ignorantia, stásis kinesis, vigil sormnus. Pela dupla de substantivos gregos, stásis-kínesis, da conhecida oposição platônica, talvez pudesse citar com maior propriedade o shakespeariano inconstant stay, mas isso, obviamente, é escolha minha e não vossa" .
Referido comentário do texto acima basta para sentir o quanto era culto e inteligente o extraordinário homem das letras, poeta e crítico literário José Geraldo Nogueira Moutinho.



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